Fazer morrer, deixar viver: modos de operação do racismoda biopolítica à necropolítica.

Anais do VI Colóquio Nacional Michel Foucault - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Buscar-se-á desenvolver na presente comunicação a temática do racismo e sua forma de operar dentro de um contexto no qual se verifica a existência de uma biopolítica, e, posteriormente, de uma necropolítica; com enfoque no seu potencial de dividir e estigmatizar populações. Para isso, faz-se necessário identificar a atuação do racismo de Estado trabalhado por Michel Foucault no curso Em Defesa da Sociedade (2005) e de outras formas de racismo no cenário capitalista em dois momentos distintos: o primeiro englobando o período de atuação da biopolítica, e o segundo, a partir da segunda metade do século XX, em que verifica-se a insurgência do que Achille Mbembe (2003) chama de necropolítica. Destarte, o caminho a ser seguido inicia-se na explanação do conceito de biopolítica, enfatizando a necessidade verificada na fase de expansão do capitalismo em manter corpos vivos, dóceis e produtivos; seguida da análise do racismo de Estado tal qual pensado por Foucault como produtor de cisões e diferenças dentro do corpo social; a identificação das alterações de contexto do capitalismo como sistema econômico, pautada nas diferenças da fase expansionista e de consolidação para a fase de declínio e crise mundial; e, por fim, a consideração da necropolítica como possível forma de atualização, expansão e deslocamento do pensamento foucaultiano para as periferias do capitalismo na fase de crise do sistema, no qual o modo de operar da política passa a ser o “trabalho de morte”.

Data de publicação: setembro de 2019.